sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

IN MEMORIAM D. MARIA ALICE POLONIA


5 De Janeiro de 2009. Os sinos tocam a finado. Lembrei-me de imediato: Foi a minha professora que faleceu. E foi mesmo. Devido a tanto trabalho na época de Natal, nem sequer tive tempo de ir a sua casa desejar-lhe um Bom Natal. Pois, é que não foi uma professora qualquer. Foi um símbolo para esta comunidade, pois já cá estava há mais de 60 anos, e foi minha professora, do meu pai e do meu filho mais velho. A D. Maria Alice Polónia, vai ficar eternizada na memória de centenas e centenas de pessoas que foram os seus alunos, e até de outros, que simplesmente cruzaram com ela. Com três filhos, dois médicos e em engenheiro, todos meus colegas, sempre falávamos da sua debilidade mas da sua determinação em viver. Consciente até ao último momento, a natureza foi mais forte. O coração parou. Coube-me no seu funeral e durante a cerimónia em momento próprio, ler uma mensagem de um dos seus alunos mais ilustres (Dr. Barbosa de Melo – ex presidente da AR). Durante os seus mais de 50 anos de ensino, também foi professora do também sobejamente conhecido, Sr. Dr. Cunha Rodrigues, juiz do tribunal europeu (ex PGR).
Porque a vida não acaba, apenas se transforma, cumpre-me o dever de rezar por ela.



IN MEMORIAM DE D. MARIA ALICE POLÓNIA


Na Liturgia desta tarde cabe também, com o consentimento do nosso pároco, Padre Paulo Jorge, uma palavra, discreta e sentida, dita em nome da Sociedade civil a respeito da professora D. Maria Alice Polónia, cujo corpo dentro em pouco vamos entregar à terra.
Seria impossível na circunstância descrever a vida e a obra desta notável Senhora e Mulher, mesmo que só nos seus traços mais visíveis.
Nossa professora do 1.º Ciclo por quase toda a sua longa carreira na escola pública, D. Maria Alice exerceu entre nós um ensino modelar, competente, humano, rigoroso e aberto; prestou à Comunidade de Lagares o benefício inestimável de uma presença cultural contínua, viva e actualizada; praticou uma afabilidade sem quebras no trato do dia-a-dia com os seus alunos de ontem e hoje e com os seus outros conterrâneos, que adoptou e carinhosamente a adoptaram, desde que aqui chegou há mais de 60 anos; foi incansável no seu gosto de ajudar os outros a vencer as dificuldades próprias e a compreender o sentido do respeito pela dignidade humana devido a todas as pessoas.
Na verdade, não fazia acepção de ninguém: pobres ou não, mais dotados intelectualmente ou menos, mais pacatos ou menos disciplinados, bem mandados ou mais desobedientes, todos, jovens ou adultos, sentiam que D. Maria Alice os tratava com respeitosa igualdade, dando, assim, permanente testemunho, nos seus actos e atitudes, de ser senhora de uma personalidade moral e cívica de excepção. E tudo isso fazia como se tudo lhe fosse natural.
Talvez o valor ou bem maior da herança espiritual que D. Maria Alice deixa aos lagarenses resida na simplicidade, seriedade e sentido de honra com que conscientemente assumiu o seu lugar e o seu tempo. Quando, no termo da sua brilhante carreira profissional, no início da penúltima década, o Governo lhe conferiu merecido galardão pelos serviços distintos que prestara no ensino, essas virtudes de simplicidade, seriedade e sentido de honra ficaram patentes nas palavras que proferiu no almoço com que os conterrâneos a homenagearam no dia em que recebeu a distinção. E atitude semelhante tomou quando, mais recentemente, lhe foi pedido um poema da sua autoria para letra do hino oficial da Freguesia. Também aqui, em vez de se ufanar, agradeceu!
À Família da Senhora D. Maria Alice, em especial a seu Marido, Filhos e Netos, o povo de Lagares manifesta publicamente, nesta hora de tristeza, as suas sentidas condolências.
Disse


(Prof. Dr. Antonio M. Babrosa de Melo)